O fenômeno do corpo e do funk na cultura brasileira

O fenômeno do funk/pop brasileiro é inquestionável. Ganhamos o imaginário coletivo do Brasil, com canções chiclete em loops infinitos. Ganhamos o Youtube com Kondzilla e seus milhões de inscritos. Ganhamos até mesmo o mundo, com feats dentro da indústria do pop americano (Madonna, Major Lazer, Maluma… só para citar as colabs com a letra M!).

E nesse bonde de misturas, é impossível não pensar em como figuras ímpares da cultura de massa carregam consigo o questionamento sobre a sexualidade e a representação da mulher nacional.

Anitta que o diga! Hora tomando colunas de fofocas, hora abalando os limites da exibição do corpo, seja com o clipe de Vai Malandra, seja praticando exercícios de biquíni à distância em transmissões via seu Instagram.

Em 2017, quando lançou seu mais polêmico clipe, fez questão de não utilizar tratamentos de imagem e mostrar ao asfalto seu estilo bronzeado com fita isolante. Celulites, garotas da laje e movimento de quadris desfilaram nas câmeras, mostrando que o corpo tornou-se um símbolo cultural tão poderoso quanto a própria música. Ou melhor, apropriado pela música.

Mas qual o limite entre objetificação e auto afirmação?

Questão difícil. Opiniões divididas. De um lado, quando este (o corpo feminino) foi utilizado pela artista como um ato quase político, reforça que este (o corpo dela) está cumprindo um papel de autoafirmação. Mas quando aquele (o corpo feminino) é mercantilizado, exposto e criticado, carrega todo o peso da discussão sobre sexualidade.

Raça, padrões sociais, pornografia, tendências, moda e comportamento. São diversos os vetores que atingem diretamente o corpo das mulheres. Claro, é inegável que discussões sobre estes tópicos têm ganhado cada vez mais relevância. Entretanto, o caminho é longo e o buraco mais embaixo. No nosso caso, está diretamente ligado à identidade nacional, ao homem e à mulher. Assim como o sexo.

Objetificação: da cultura pop ao relacionamento no lar

O corpo da Anitta é um exemplo. Mas, a todo momento, temos corpos diversos desfilando em frente às telas. E aí reside o perigo. A objetificação transforma esses corpos em objetos vazios, cristaliza padrões para então, gerar comparações e desejos.

Dentro do relacionamento, impacta diretamente a vida sexual de casais. A exposição repentina aos corpos padronizados gera uma busca inalcançável. É impossível ter o corpo perfeito. Aliás, o corpo de Anittas, em locais de exposição (TV, clipes, Instagram etc).

Para as mulheres, levanta a questão da autoestima. Para os homens, o machismo escondido nos padrões. A malandra do clipe nunca será a malandra de casa. Ela não existe, é um personagem. Ou melhor, uma construção. Um modelo que serve para despertar atenção e gerar interesse para um produto, no caso a música e carreira da artista em questão.

Mas não há como negar. Sexo e entretenimento sempre caminharam lado a lado.

Numa linha tênue.

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Rodrigo Torres

Psicólogo e Sexólogo, Máster em Sexologia Clínica, Saúde Sexual e Especialista em Terapia Sexual. Coord. Instituto Ibero-americano de Sexologia no Brasil, Del. Estadual Sbrash em Minas Gerais com mais de 15 anos de experiência.

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